Torres Queiruga Andrés
Autor relata Deus
como “Pai” ou como idêntica razão “mãe”, sendo uma Plenitude Divina que
transborda até o infinito os valores específicos por nós intuídos no melhor da
maternidade e da paternidade. Descrevendo a paternidade-maternidade de Deus
como símbolo supremo de sua relação com o homem. Trazendo para um lado de uma
dialética de símbolos vemos a comparação de Deus como um autor e os homens como
atores de uma grande história, uma grande drama, “o grande teatro do mundo”.
Onde Deus e o ser humano procuram alcançar a perfeição, tendo o progresso do
homem significado de acordo com a realização do plano de Deus. Podendo ser
percebido um mundo como teatro, não como um cenário, distanciado e
desinteressado, e sim a representação de sua obra onde o autor é também
diretor, interessado e comprometido. O homem cumpre seu papel, e sabe que nele
se realiza, sentindo também uma relação viva com o autor-diretor. Vemos na
Bíblia que Deus não só supera a simples contemplação teatral da ação do homem
no mundo, pelo fato de fomentá-la, dirigi-la ou protegê-la, sendo sua presença
infinitamente mais íntima. A criação não pressupõe nada. Não se trata de um
Deus que escreve o texto guia e dirige a obra de nossa vida e nossa história,
mais de um Deus que nos dá a ação e a própria vida, que nos dá um mundo em que
vivemos e nos entrega nossa próprio ser. Em um certo momento da história a figura de Deus como Pai se perdeu,
sendo somente recuperada mais tarde com os deuses do “panteão”, e sobre tudo no
monoteísmo. Desde o segundo até o terceiro milênio a.c. Deus é invocado como
pai. O autor faz uma análise onde esse símbolo paterno pode submergir-se em uma
espécie de magma sentimental, difuso. O pai dá normas, serve de modelo, abre
possibilidades e ao mesmo tempo como “gerador”, no calor de vivo e pessoal, a
riqueza genuína do símbolo da criação: o filho. E Deus como mãe se apresenta
espontaneamente, sendo evidenciada a riqueza transcendente do símbolo, que
exige ser atualizado como “pai-mãe”. A experiência cristã de Deus como Pai no
A.T., vem do medo reverencial de contaminar Iahweh com os cultos da
fecundidade, por isso a paternidade de Deus vem sempre relacionada á um ato
histórico: a saída do Egito. Logo após na p. 94/95 o autor relata texto
comparando Deus a ternura de um pai e uma mãe. Deus como “Abbá” em Jesus, alcançando um símbolo de grandeza insuperável e
rompendo todas as expectativas. Jesus como um núcleo mais íntimo e original de
sua personalidade (Deus). Jesus nascendo da audácia da ternura e construindo o
anuncio de um novo tempo: o do homem filial porque tem a segurança de que Deus,
em sua profundeza mais abissal, e em sua interioridade mais entranhável, é um
Deus paternal. Jesus como sendo a mais plena
revelação de Deus. Jesus entregou esse símbolo aos seus discípulos.
Aparece claro na redação de Lucas, onde Jesus entrega o “Pai Nosso”, fazendo
menção da palavra “Abbá”, sendo como
o santo e a senha de sua mais profunda e original intimidade. Desse modo Deus
fica definitivamente revelado como paternidade entranhável, com essa fonte de
confiança e ternura que alimentava o ministério de Jesus e que se abre mais adiante para todo homem. Na reflexão do
N.T. a palavra “Abbá”, aplicada á Deus foi escolhida nas comunidades de língua
aramaica e transmitida por via litúrgica, á todas as outras inclusive ás de
língua grega. A última menção literal está no evangelho de Marcos (14/36): “
Abba, meu Pai, se for possível afasta de mim este cálice”, sendo pronunciado de
uma forma de agonia no Getsêmani – remetendo uma profundidade tremenda e
entranhável, sublime e humaníssima, de seu mistério filial. O autor cita mais
duas menções literais, descritas no evangelho de Paulo na p.98 e na p.99 á
p.101 há relatos de João e Pedro abrindo horizontes cheios de Luz e de
esperança para a humanidade inteira. O confronto com a crítica freudiana, Freud
explica que tudo isso se apresenta tão bonito e gratificante justamente por ser
um produto segregado pelo homem com o objetivo de aplacar sua angústia ou
satisfazer sua necessidade de consolo e proteção. De modo que na própria
grandeza da idéia estaria não a confirmação, mais a refutação da oferta cristã.
O Deus Pai e simplesmente o fantasma do homem menino que não se atreve a
enfrentar a realidade, como fruto narcisista do desejo infantil de onipotência
ou a projeção que aplaca o sentimento de culpa. Tendo a religião como uma
neurose infantil da humanidade que impede o crescimento adulto do homem:
negar-se a deus-pai significa crescer, curar-se e ter acesso a própria
autonomia. Em seguida o autor dá várias respostas baseado na tradição, na
psicologia religiosa e na antologia hermenêutica. E por fim o autor relata o
Crer em Deus, Pai de Jesus, relatando
como melhor resposta a crítica freudiana, bem como qualquer crítica, está na
própria realidade em que se fundamenta nossa convicção: a experiência de Jesus
de Nazaré. É suficiente contenplar a vida de Jesus para compreender a
definitiva impotência das objeções. A ternura do Pai são evidentes mais nada de
infantil nesse homem, capaz de romper qualquer tabu e passar por cima de todo
legalismo. Concluindo, acredito que precisamos avançar de acordo com a geração
que virá, mais dentro dos limites da expressão humana, tomando cuidado com
verdades definitivas sobre Deus. Não dá pra colocá-lo em uma caixa e dizer Deus
está ali, porque ele não está somente ali. Nós como seres contingentes
tentamos, mais nossa mente finita não conseguirá jamais definir a plenitude de
Deus. Deus não somente como Pai ou Mãe, mais Filho, E.S., Majestoso, Glorioso,
Pleno...
Sem. Liana Costa
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