Powered By Blogger

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O ser humano em busca de identidade, Gottfried Brakemeier

O autor relata que a problematização do pecado não é uma casualidade, que acaba designando num simples fracasso social, a derrota na concorrência e na luta pela sobrevivência, podendo ser relacionado também com a falta de fé. Basta negar Deus, para se livrar desse peso?
            Ignorar fenômenos naturais não vai fazê-lo desaparecer, pois o termo pecado se articula na experiência humana, e não em uma invenção religiosa. Pecado implica culpa que necessita de perdão. Resultando em um sentimento pelo qual ninguém quer ser considerado culpado, restando ao homem fugir dessa culpa. O termo pecado tange e sensibiliza profundas dimensões da personalidade humana.
            Pensando pelo lado bíblico podemos dizer que há perdão para nossos pecados, o cristão acredita nisso. Realmente sem perdão o pecado fica meio obscuro de se entender.
            Brakemeier, sita vários fundamentos bíblicos para justificar o que chamamos de pecado, descrito no A.T. como violação do direito divino, comportamento culposo. E, no N.T. mostra um Jesus e sue autores devidamente devedores da teologia do antigo Israel, e da descrição da fonte que emana a desgraça do ser humano.
            Pecado é, antes de mais nada, transgressão do preceito de Deus, mas Adão e Eva no paraíso desrespeitam a vontade de Deus com desobediência, e Jesus Cristo como um segundo Adão em plena obediência.(p.53)
            O autor descreve pecado como uma “gula”, onde serpente estimula o apetite de Adão, da árvore cujos frutos ele não poderia comer. Pecado esse que pode ser manifesto também com idolatria e injustiça de um mundo pagão, podemos ler a história do bezerro de ouro (Ex.32). Pecado tem expressão de vanglória(ICo.4-7).
            Pecado ser expressa em sentimento, palavra e ação, relacionado com ódio, insulto e assassinato. A parábola do Bom Samaritano retrata omissão(Lc.10-25). Pecado é culpa, e causa prejuízos não só na esfera humana, mas na esfera divina, que tem Deus como um Juiz do pecado.
            A origem do pecado e o pecado original pela mitologia antiga atribuem a desgraça aos ciúmes dos deuses, já na tradição judaica cristã há uma rejeição a etiologia dualista de mal. Deus não é responsável pelo pecado, nisto a Bíblia é unânime, muito embora saiba e diga que Deus pode ser o causador de desgraça, como está escrito muito claramente no livro de Jó. Para a Bíblia a origem do pecado está no próprio ser humano, como relata o apostolo Paulo: “Ela está em Adão” (Rm.5-12).
            O autor faz uma análise sobre o mito da queda descrito em Gn3. (p. 58á 60)
            A teologia pegou essa expressão pecado original, que não se trata de uma concepção bíblica e sim de Tertuliano, no século III, desenvolvida e fundada por Agostinho. Descrevendo pecado como hereditário, e não superficial ou acidental, mais afetando a raiz de tudo o que é humano, de profunda corrupção, fugindo do controle humano: o ser humano não só comete pecado, ele é pecador.
            A afirmação do pecado original segura às pessoas na comunhão de gente pecaminosa. Ficando, assim desmascarado a condição de justos e pecadores.
            Ao pecado original corresponde o pecado atual, a réplica do pecado histórico aqui e agora, a cumplicidade com os antepassados, a reprodução da lógica da maldade. O ser humano bom existe de verdade, e ao mesmo tempo pessoas corruptas também podem cometer atos puros de fins humanitários.
            Em conclusão a gravidade do pecado produz uma simbologia como diz o autor, que preferiu não citar palavras como: diabo, demônios, espíritos imundos.
            Para Martin Lutero, teve suas posições definidas no século XVI. Para Lutero todos os pecados são mortais, pois fluem da mesma atitude arrogante do ser humano para com Deus. Definindo o pecado, como um primeiro momento, a negação da fé em Deus, a descrença.
            Paul Tillich, no século XX, atualiza o discurso sobre pecado dizendo que o termo vem da filosofia de G.W.F. Hengel, que recebeu interpretações diversas de seus inspiradores. Tillich, dá uma definição para o termo como uma forma de alienação, que resulta na perda do próprio eu, do mundo e de Deus.
            Elisabeth Moltmann-wendel, juntamente com pensadoras feministas, relata que a pretensão de ser igual a Deus, como soberba, seria um apensamento antes de tudo masculino.
            Enrique Dussel em um contexto latino-americano, diz que a origem do mal ou do pecado está em negar o outro. Em um modo de comportamento estável ou não.
            Realmente é muito difícil definir o enigma do mal, ou pecado, ou o ser humano pecador. A ciência, as experiências humanas, somente nos dá base para definirmos o hoje, o que ocorre diretamente conosco na atualidade, seria mesmo inviável discernir o pecado, pois o mesmo ato praticado, pensado ou falado pode ser considerado pecado pra uns e pra outros não. Pude perceber que as definições vão mudando de acordo com o tempo que o pesquisador vive e suas várias formas de religiões. Uma coisa sei! A Bíblia não muda, e nem mudará sua linguagem de acordo com tempo vivido, nós que buscamos relacionar a Bíblia com as atitudes de hoje, pois vivemos num mundo que se torna cada vez mais banalizado.
Sem. Liana Costa, Sistemática II

UM CRISTÃO NÃO VIVE PARA SI MESMO, E SIM PARA CRISTO E, PARA O SEU PRÓXIMO NO AMOR DE DEUS


ALÉM DA UTOPIA, HAROLDO SEGURA C.
 
P. Tillich escreve sobre o efeito da reforma: “expressou-se não somente na esfera religiosa, mas também na esfera pessoal, social, política e intelectual de toda civilização”.
O que dizer da Reforma de Lutero? Por que, para quê? Será que hoje em dia conseguimos identificar reformadores altamente capazes de liderar um confronto da grandiosidade que Lutero liderou? Creio que não! Posso perceber que antes de Lutero apareceram muitos escritores e pensadores com seus escritos e ideias contendo audácias sobre o tom místico da verdadeira espiritualidade cristã, inclusive Lutero se inspirou em muitos deles como Bernardo de Craraval, Tomás de Kempis... Mas o confronto com os dogmas que Lutero liderou, nenhum deles foi capaz de comandar.
Lutero em seu terceiro escrito que chamou: “Da Liberdade Cristã”, em 1520, cujo ano Martinho passou por grandes turbulências, mas não cedeu as pressões, pressionado por Leão X. A escrita que se refere à liberdade num sentido contrário da opressão eclesiástica vivida na época. Liberdade essa que é universal, interna, espiritual mediante a fé cristã. Lutero aponta em sua tese que a liberdade é a palavra chave para discernir o maior e mais revolucionário legado espiritual da reforma do século 16. É na palavra de Deus, que Martinho Lutero dá base para seus argumentos dizendo que nada está acima da palavra de Deus. E que a palavra nos dá tudo: satisfação, alimento, gozo, paz, luz, inteligência, justiça, sabedoria e liberdade.
Lutero fez a sua liderança baseado nos ensinamentos de Cristo. Essa liberdade escrita e representada por ele vem através das nossas boas obras, liberdade essa alcançada na ajuda os mais desafortunado, dando sustento a quem tem fome. Cristo nos mostra isso, Ele veio para todos, inclusive os marginalizados, e Sua obra não pode morrer jamais, Ele nos deixou um legado. A atitude do Cristo tem que continuar viva em nossa vida cristã. A liderança ideal é a que Jesus Cristo nos deixou: “Vê, Cristo, o príncipe supremo, veio e me serviu, não procurando seus próprios interesses, porém olhou para minha miséria e fez tudo para que eu tenha, graças a Ele, poder, bens e honra. E que eu faça o mesmo aos meus súditos servi-los com o meu ofício, protegê-los, escutá-los, defendê-los, governá-los para que eles tenham melhor proveito e não eu” (“Da doutrina secular: a obediência que lhe é devida, 1523”).
Uma liderança servidora, é que nós cristão devemos ser, estando sempre prontos a servir ao próximo, não para nosso próprio benefício, mais sim para que Cristo seja Glorificado. O Reino de Deus tem a necessidade de ter Lideres Servidores, que se baseiam nas escrituras sagradas para dar o seu melhor aos outros. Infelizmente muitos Líderes têm em mente que somente indo a Igreja, louvando, lendo a Bíblia... estão praticando o cristianismo, estão buscando a espiritualidade, essas práticas podem ser espiritualidade, mas não são somente espiritualidade. A práxi das boas obras trás uma espiritualidade ainda maior, levando-os mais além, mais adiante da prisão sem grades que é a Igreja. Que nós líderes cristão consigamos olhar para os excluídos da sociedade da mesma forma que Cristo olhou, com amor, paixão, gratidão, carinho, perdão...
A espiritualidade libertadora não muda somente de uma maneira teórica, mas também, com mudanças de atitudes na prática. Como a história de Zaqueu, o publicano, que havia juntado fortuna de forma desonesta. E ao encontrar-se com Jesus, devolve tudo que havia roubado. Isso é mudar na prática a direção, a atitude e o pensamento. Nos dias de hoje ao invés de uma liderança servidora nos deparamos com a sequidão espiritual nos ambientes eclesiásticos, que às vezes se manifesta na ausência de sentido, na improdutividade e individualismo, mas, que deve permanecer são cristãos que não sejam superficiais e religiosos. Mas que busquem intimidade com Deus capaz de produzir frutos e descubram Nele à força que transforma que dá sentido, dá razão e o repouso assegurado pela verdadeira realização da Liberdade Cristã.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Peter Berger, O Dossel Sagrado

Peter Berger,
O Dossel Sagrado.
Ms. Clemir Fernandes
Peter L. Berger foi professor de Sociologia e de Teologia na Universidade de Boston, onde também foi diretor do Institute on Cultere, um centro de pesquisas destinado ao estudo sistemático dos relacionamentos entre o desenvolvimento econômico e a mudança sociocultural em diversas partes do mundo. Sendo também um autor contemporâneo, com diversos livros sobre a sociologia da religião publicados no Brasil. Nascido em Viena no ano de 1929.
            Em sua obra, O Dossel Sagrado, Berger faz uma análise sobre a Sociologia da Religião baseando-se em três pensamentos de três autores importantes. Berger compartilha com Marx a convicção fundadora de seu pensamento: onde a sociedade é feita por homens que constroem um mundo humano, tal mundo é cultura entendida como totalidade de produtos. Já na semelhança com Durkhein e Weber , Berger quer trazer a religião para o mundo dos homens, como uma forma de realidade para se entenderem e se explicarem a si mesmos no mundo.
            No primeiro capítulo Berger relata muito uma sociedade com fenômenos dialéticos por ser nada mais um produto humano, que, no entanto retroage continuamente sobre o seu produtor. E esse processo dialético constitui em três momentos: exteriorização, objetivação e a interiorização. Sendo a exteriorização contínua efusão do ser humano sobre o mundo. A objetivação é a conquista por parte destes produtos em uma atividade física e mental. E por ultimo a interiorização sendo uma reaproximação de uma realidade por parte dos homens transformando-as de estruturas no mundo objetivo em estruturas da consciência subjetiva. O autor relata também nesse capitulo o mundo em que homem vive, sendo imperfeitamente programado pela sua própria construção, sendo modelado pela própria atividade do homem, caracterizado pro uma instabilidade congênita. É pois, a sociedade um produto do homem.
            Tosa sociedade que continua parada no tempo, tem a dificuldade de passar para as próximas gerações os seus sentidos objetivados. Sendo essa dificuldade atacada por processos pelos quais se ensina uma geração a viver de acordo com os programas institucionais da sociedade. A religião é a ousada tentativa de conceber o universo inteiro como humanamente significativo, diz Berger. (p.41)
            No segundo capítulo Berger relata a religião como uma forma de manutenção do mundo. E fala diretamente sobre o processo de legitimação que vêm a ser as respostas que o homem procura para comprovar a existência de determinadas idéias. A própria religião legitima as instituições. Nas civilizações da Àsia Oriental as legitimações mitológicas se transformam em categorias filosóficas e teológicas de alto nível de abstração. O grau de elaboração teórica das legitimações religiosas variará de acordo com múltiplos fatores históricos, mais ao mesmo tempo induziria e grave equivoco tomar em consideração apenas as legitimações mais sofisticadas. (p. 54)
             A religião serve para manter a realidade daquele mundo socialmente construído nas vidas cotidianas dos homens, mantendo a realidade socialmente definida, legitimando as situações as situações marginais em termos de uma realidade sagrada de âmbito universal, assim o ser humano se identifica com o mundo da sua sociedade.
            Berger relata também que a plausibilidade é um pré-requisito que pertencem a mundos religiosos inteiros como a legitimação destinada a mantê-los, podendo fazer mais uma diferenciação. A situação é agravada quando há uma mudança drástica de sistemas religiosos diferentes, e seus respectivos promotores institucionais entram em competição pluralística uns com os outros.
Para o indivíduo, existir no mundo religioso significa existir no contexto social particular no seio do qual aquele mundo pode manter a sua plausibilidade. (p.63) O poder as religião depende, em ultima instancia da credibilidade das bandeiras que coloca nas mãos dos homens quando estão diante da morte, ou mais exatamente, caminham, inevitavelmente, para ela.
O autor no terceiro capítulo retrata o problema de uma teodicéia, na sagrada ordem do cosmos sendo repetidas vezes, reafirmada através do caos, como uma forma de atitude masoquista. Os ritos de passagens humanas incluem sem duvida experiências felizes e infelizes, e é por isso que há um desenvolvimento de uma teodicéia implícita, partindo de uma teologia implícita de toda ordem social precede, naturalmente, quaisquer legitimações, religiosas ou não, servindo, contudo como indispensável abstrato para o qual mais tarde poderão ser construídos os edifícios de legitimação.
            Antes de tudo a teodicéia não provoca a felicidade e proporciona significado. A teodicéia através da transcendência de si mesmo surge reiteradas vezes no misticismo. Mais adiante o autor relatara os vários tipos de teodicéias em religiões diferentes, milenares ou não e até mesmo teodicéias bíblicas, fazendo um esboço sobre o livro de Jó sendo uma forma pura de masoquismo religioso.
            Os mundos que o homem constrói  estão permanentemente ameaçados pelas forças do caos e, finalmente pela realidade inevitável da morte. A teodicéia é uma tentativa de se fazer um pacto com a morte. (p.92)
            No quarto capítulo o autor escreve sobre religião e alienação, voltando a falar dos três pontos relatados anteriormente que foram: exteriorização, objetivação e interiorização. Partindo de três pontos importantes para a alienação que em primeiro lugar, cumpre acentuar que o mundo alienado, com todos os seus aspectos, é um fenômeno de consciência, mais especifica de falsa consciência. E em segundo como sendo um erro considerar a alienação como um desenvolvimento ulterior da consciência, uma forma de queda da graça. E em terceiro a alienação sendo um fenômeno completamente diferente da anomia, que causa de uma sertã forma uma confusão até hoje sobre esses conceitos por cientistas sociais americanos. Tal alienação pode ser um dos obstáculos mais eficientes contra a anomia.
            Uma vez estabelecida à falsa unidade do eu, e enquanto ela permanecer plausível, é provável que ela seja uma fonte de força interior. A identidade social como um todo pode então ser apreendida pelo indivíduo como algo sagrado, criado ou querido pelos deuses. Os significados projetados da atividade humana cristalizam-se num gigantesco e misterioso “outro mundo”, que paira sobre o mundo dos homens como uma realidade alheia. (p.107) O grande paradoxo da alienação religiosa é que o próprio processo de desumanização do mundo sóciocultural tem suas raízes no desejo fundamental de que a realidade como um todo possa ter um lugar significativo para o homem. E essa alienação tem sido uma preço pago pela consciência religiosa em sua busca de uma universo humanamente significativo.
            No quinto capitulo Berger fala sobre o processo de secularização, como um processo pelo qual setores da sociedade e da cultura são subtraídos à dominação das instituições e símbolos religiosos. Relatando, o autor, sobre a historia ocidental moderna onde a secularização manifesta-se na retirada das Igrejas cristãs de áreas que antes estavam em sue controle ou influencia como: a separação da Igreja e Estado..., já na questão dos símbolos pode-se afirmar que a secularização é mais do que um processo sociocultural, podendo ser vista como um fenômeno global das sociedades modernas, não sendo  sua distribuição uniforme.
            Nesse mesmo capítulo, mais adiante na página 124, o autor começa a relatar a diferença entre o protestantismo e o universo católico comparado a seu adversário. Onde o protestante já não mais vive em um mundo continuamente penetrado por forças sagradas e sim por uma divindade radicalmente transcendente. E essa radical transcendência de Deus defronta-se com um universo fechado para o sagrado.
            As raízes de secularização estão nas mais antigas fontes disponíveis de Israel, sustentando o “desencantamento do mundo”. De uma forma que tudo que ocorre aqui em baixo no plano humano corresponde u lá em cima no plano dos deuses, sendo uma continuidade entre o microcosmo humano e o macrocosmo divino, podendo é claro ser rompida por causa de faltas cometidas pelos homens.
            O A.T. postula um Deus que está fora do cosmos. Esse cosmos foi criado por Deus, e eles se defrontam mais não se permeiam. Esse Deus é radicalmente transcendente e não se identifica com nenhum fenômeno natural ou humano. Não sendo apenas o Criador, mais o Único Deus em existência, de qualquer forma o único que contava par Israel, como por exemplo o livro de Gn 1, a historia da criação que incorpora vários elementos cosmogônicos da mitologia mesopotâmica, cujo capítulo acaba com a criação do homem,  como uma ser distinta em alto grau de todas as outras criaturas. Encontramos um Deus transcendente e o homem com um universo inteiramente “demitologizado” entre eles. Berger fala na pág. 131 sobre os livros do A.T.,suas festa e acontecimentos, girando em torno da história de uma forma que nenhum outro grande livro religioso do mundo faz, inclusive o N.T..
            No capítulo VI, Berger falará sobre a secularização e o problema da plausibilidade, pode ser considerado também uma “crise de credibilidade” sendo uma das formas mais evidentes do efeito da secularização para o homem comum. Sendo uma ótima oportunidade para se mostrar em concreto a relação dialética entre a religião e sua infra-estrutura, que já havia sido desenvolvida teoricamente. O palco original da secularização, indicado anteriormente foi à área econômica, formados por pelos processos capitalistas e industriais. Agora o autor cita que por outro lado a secularização está se formando em áreas como o Estado e a família, nas páginas 142 e 143 Berger dá exemplos disso.
             A religião continuará a ter um potencial de realidade considerável, continuando a ser relevante em termos de motivos e auto-interpretações de pessoas nessa esfera da atividade social cotidiana. Por outro lado essa religiosidade limita-se a domínios específicos da vida social que podem ser efetivamente segregados dos setores secularizados da sociedade moderna, esses valores que dizem respeito à religiosidade privada, que são irrelevantes em contextos institucionais diferentes em esfera privada.
            Durante a maior parte da historia humana, os estabelecimentos religiosos existiram como monopólios na sociedade, monopólios de legitimação última de vida individual e coletiva. Berger cita a grande crise do hinduísmo na Índia, quando conquistada por estrangeiros que não podiam ser tratados da mesma maneira. E ainda assim, sobre o domínio de muçulmanos e cristãos, a sociedade hindu conseguiu, por um longo tempo, continuar a usar os métodos tradicionais e fechar-se sobre si mesma e evitar que a conquista se seguisse a desintegração interior. Somente com a modernização da Índia recentemente é que foi possível observar o surgimento de um genuíno pluralismo, expresso politicamente pela definição da Índia independente do Estado secular. No Ocidente ao contrario do hinduísmo, a cristandade empregou livremente a violência militar contra os infiéis, tanto externos quanto internos.
            Berger nos informa que hoje os grupos religiosos são competitivas agencias de mercado, se organizando de forma a conquistar uma população de consumidores em competição com outros grupos que tem o mesmo propósito, com a pressão de se obter resultados numa situação competitiva acarretando uma racionalização das estruturas sócio-religiosas. A seguir o autor fará um amplo comentário sobre esse mercado religioso e seus fregueses, dizendo que qualquer mudança drástica desse padrão de crescimento religioso levaria inevitavelmente a sérios distúrbios na economia de muitas denominações.
            No sétimo e último capítulo, Berger fala sobre a secularização e o problema da legitimação, e cita a “crise da teologia” na situação religiosa contemporânea baseando-se numa crise de plausibilidade que precede qualquer teoria. A medida que a secularização e o pluralismo são atualmente fenômenos de âmbito mundial, da mesma forma a crise da teologia adquire essa amplitude. Berger faz um comentário sobre a IGM e a IIGM, onde a IGM sendo um choque para o mundo e os horrores da IIGM, onde nas duas Guerras houve uma desintegração do pré-domínio do liberalismo protestante, e suas várias formas de ortodoxia.
            Não basta o que a religião possa ser, além disso, ela é um universo de significado construído pelo homem, e essa construção é feita por meios lingüísticos. Sendo assim a religião implica na busca pelo homem de um mundo que esteja relacionado com ele. A religião é um fator fundamental para compreender a sociologia, Durkheim diz que estudar religião é uma forma de se compreender o mundo. Todas as tradições religiosas têm sua escatologia, de final feliz.
 Marx nos informa que a religião é um fator de libertação, dizendo que: o mundo onde estou não me dá esperança, o que me dá esperança de uma nova vida é a religião. A religião proporciona o prazer, o bem estar. Marx diz que a religião faz critica da sociedade, mais ela estrutura o mundo, e também é resultado desse mundo.
            Berger nesse livro diz que outros grupos que regem a sociedade, é influenciado diretamente á partir de experiências religiosas, como: a família, os costumes, educação, trabalho, lazer, esportes, e o próprio Estado... um mundo estruturado pelo sagrado e profano, com regras em primeiro lugar, e o possível estabelecimento da Paz, da Ordem. Regras essas muitas vezes estabelecidas para os mais fracos. Onde as instituições foram criadas para aliviar o indivíduo de reinventar o mundo a cada dia e ter que se orientar dentro dele as instituições criam programas para a execução da interação social e para a realização de currículos de vida.

Resumo da obra de Peter Berger, O Dossel Sagrado. Prof. Clemir Fernandes. Curso de Bacharel em Teologia FATERJ 2011.1

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Creio em Deus Pai

                                                            ________________
                                                                                               Torres Queiruga Andrés

Autor relata Deus como “Pai” ou como idêntica razão “mãe”, sendo uma Plenitude Divina que transborda até o infinito os valores específicos por nós intuídos no melhor da maternidade e da paternidade. Descrevendo a paternidade-maternidade de Deus como símbolo supremo de sua relação com o homem. Trazendo para um lado de uma dialética de símbolos vemos a comparação de Deus como um autor e os homens como atores de uma grande história, uma grande drama, “o grande teatro do mundo”. Onde Deus e o ser humano procuram alcançar a perfeição, tendo o progresso do homem significado de acordo com a realização do plano de Deus. Podendo ser percebido um mundo como teatro, não como um cenário, distanciado e desinteressado, e sim a representação de sua obra onde o autor é também diretor, interessado e comprometido. O homem cumpre seu papel, e sabe que nele se realiza, sentindo também uma relação viva com o autor-diretor. Vemos na Bíblia que Deus não só supera a simples contemplação teatral da ação do homem no mundo, pelo fato de fomentá-la, dirigi-la ou protegê-la, sendo sua presença infinitamente mais íntima. A criação não pressupõe nada. Não se trata de um Deus que escreve o texto guia e dirige a obra de nossa vida e nossa história, mais de um Deus que nos dá a ação e a própria vida, que nos dá um mundo em que vivemos e nos entrega nossa próprio ser. Em um certo momento da  história a figura de Deus como Pai se perdeu, sendo somente recuperada mais tarde com os deuses do “panteão”, e sobre tudo no monoteísmo. Desde o segundo até o terceiro milênio a.c. Deus é invocado como pai. O autor faz uma análise onde esse símbolo paterno pode submergir-se em uma espécie de magma sentimental, difuso. O pai dá normas, serve de modelo, abre possibilidades e ao mesmo tempo como “gerador”, no calor de vivo e pessoal, a riqueza genuína do símbolo da criação: o filho. E Deus como mãe se apresenta espontaneamente, sendo evidenciada a riqueza transcendente do símbolo, que exige ser atualizado como “pai-mãe”. A experiência cristã de Deus como Pai no A.T., vem do medo reverencial de contaminar Iahweh com os cultos da fecundidade, por isso a paternidade de Deus vem sempre relacionada á um ato histórico: a saída do Egito. Logo após na p. 94/95 o autor relata texto comparando Deus a ternura de um pai e uma mãe. Deus como “Abbá” em Jesus, alcançando um símbolo de grandeza insuperável e rompendo todas as expectativas. Jesus como um núcleo mais íntimo e original de sua personalidade (Deus). Jesus nascendo da audácia da ternura e construindo o anuncio de um novo tempo: o do homem filial porque tem a segurança de que Deus, em sua profundeza mais abissal, e em sua interioridade mais entranhável, é um Deus paternal. Jesus como sendo a mais plena  revelação de Deus. Jesus entregou esse símbolo aos seus discípulos. Aparece claro na redação de Lucas, onde Jesus entrega o “Pai Nosso”, fazendo menção da palavra “Abbá”, sendo como o santo e a senha de sua mais profunda e original intimidade. Desse modo Deus fica definitivamente revelado como paternidade entranhável, com essa fonte de confiança e ternura que alimentava o ministério de Jesus e que se abre  mais adiante para todo homem. Na reflexão do N.T. a palavra “Abbá”, aplicada á Deus foi escolhida nas comunidades de língua aramaica e transmitida por via litúrgica, á todas as outras inclusive ás de língua grega. A última menção literal está no evangelho de Marcos (14/36): “ Abba, meu Pai, se for possível afasta de mim este cálice”, sendo pronunciado de uma forma de agonia no Getsêmani – remetendo uma profundidade tremenda e entranhável, sublime e humaníssima, de seu mistério filial. O autor cita mais duas menções literais, descritas no evangelho de Paulo na p.98 e na p.99 á p.101 há relatos de João e Pedro abrindo horizontes cheios de Luz e de esperança para a humanidade inteira. O confronto com a crítica freudiana, Freud explica que tudo isso se apresenta tão bonito e gratificante justamente por ser um produto segregado pelo homem com o objetivo de aplacar sua angústia ou satisfazer sua necessidade de consolo e proteção. De modo que na própria grandeza da idéia estaria não a confirmação, mais a refutação da oferta cristã. O Deus Pai e simplesmente o fantasma do homem menino que não se atreve a enfrentar a realidade, como fruto narcisista do desejo infantil de onipotência ou a projeção que aplaca o sentimento de culpa. Tendo a religião como uma neurose infantil da humanidade que impede o crescimento adulto do homem: negar-se a deus-pai significa crescer, curar-se e ter acesso a própria autonomia. Em seguida o autor dá várias respostas baseado na tradição, na psicologia religiosa e na antologia hermenêutica. E por fim o autor relata o Crer em Deus, Pai  de Jesus, relatando como melhor resposta a crítica freudiana, bem como qualquer crítica, está na própria realidade em que se fundamenta nossa convicção: a experiência de Jesus de Nazaré. É suficiente contenplar a vida de Jesus para compreender a definitiva impotência das objeções. A ternura do Pai são evidentes mais nada de infantil nesse homem, capaz de romper qualquer tabu e passar por cima de todo legalismo. Concluindo, acredito que precisamos avançar de acordo com a geração que virá, mais dentro dos limites da expressão humana, tomando cuidado com verdades definitivas sobre Deus. Não dá pra colocá-lo em uma caixa e dizer Deus está ali, porque ele não está somente ali. Nós como seres contingentes tentamos, mais nossa mente finita não conseguirá jamais definir a plenitude de Deus. Deus não somente como Pai ou Mãe, mais Filho, E.S., Majestoso, Glorioso, Pleno...
Sem. Liana Costa