ALÉM DA UTOPIA, HAROLDO SEGURA C.
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P. Tillich escreve sobre
o efeito da reforma: “expressou-se não
somente na esfera religiosa, mas também na esfera pessoal, social, política e
intelectual de toda civilização”.
O que dizer da Reforma de
Lutero? Por que, para quê? Será que hoje em dia conseguimos identificar
reformadores altamente capazes de liderar um confronto da grandiosidade que
Lutero liderou? Creio que não! Posso perceber que antes de Lutero apareceram
muitos escritores e pensadores com seus escritos e ideias contendo audácias
sobre o tom místico da verdadeira espiritualidade cristã, inclusive Lutero se
inspirou em muitos deles como Bernardo de Craraval, Tomás de Kempis... Mas o
confronto com os dogmas que Lutero liderou, nenhum deles foi capaz de comandar.
Lutero em seu terceiro escrito
que chamou: “Da Liberdade Cristã”, em 1520, cujo ano Martinho passou por
grandes turbulências, mas não cedeu as pressões, pressionado por Leão X. A
escrita que se refere à liberdade num sentido contrário da opressão
eclesiástica vivida na época. Liberdade essa que é universal, interna,
espiritual mediante a fé cristã. Lutero aponta em sua tese que a liberdade é a palavra
chave para discernir o maior e mais revolucionário legado espiritual da reforma
do século 16. É na palavra de Deus, que Martinho Lutero dá base para seus
argumentos dizendo que nada está acima da palavra de Deus. E que a palavra nos
dá tudo: satisfação, alimento, gozo, paz, luz, inteligência, justiça, sabedoria
e liberdade.
Lutero fez a sua
liderança baseado nos ensinamentos de Cristo. Essa liberdade escrita e
representada por ele vem através das nossas boas obras, liberdade essa alcançada
na ajuda os mais desafortunado, dando sustento a quem tem fome. Cristo nos
mostra isso, Ele veio para todos, inclusive os marginalizados, e Sua obra não
pode morrer jamais, Ele nos deixou um legado. A atitude do Cristo tem que
continuar viva em nossa vida cristã. A liderança ideal é a que Jesus Cristo nos
deixou: “Vê, Cristo, o príncipe supremo, veio e me serviu, não procurando seus
próprios interesses, porém olhou para minha miséria e fez tudo para que eu
tenha, graças a Ele, poder, bens e honra. E que eu faça o mesmo aos meus
súditos servi-los com o meu ofício, protegê-los, escutá-los, defendê-los,
governá-los para que eles tenham melhor proveito e não eu” (“Da doutrina
secular: a obediência que lhe é devida, 1523”).
Uma liderança servidora,
é que nós cristão devemos ser, estando sempre prontos a servir ao próximo, não
para nosso próprio benefício, mais sim para que Cristo seja Glorificado. O
Reino de Deus tem a necessidade de ter Lideres Servidores, que se baseiam nas
escrituras sagradas para dar o seu melhor aos outros. Infelizmente muitos
Líderes têm em mente que somente indo a Igreja, louvando, lendo a Bíblia... estão
praticando o cristianismo, estão buscando a espiritualidade, essas práticas
podem ser espiritualidade, mas não são somente espiritualidade. A práxi das
boas obras trás uma espiritualidade ainda maior, levando-os mais além, mais
adiante da prisão sem grades que é a Igreja. Que nós líderes cristão consigamos
olhar para os excluídos da sociedade da mesma forma que Cristo olhou, com amor,
paixão, gratidão, carinho, perdão...
A espiritualidade
libertadora não muda somente de uma maneira teórica, mas também, com mudanças
de atitudes na prática. Como a história de Zaqueu, o publicano, que havia
juntado fortuna de forma desonesta. E ao encontrar-se com Jesus, devolve tudo
que havia roubado. Isso é mudar na prática a direção, a atitude e o pensamento.
Nos dias de hoje ao invés de uma liderança servidora nos deparamos com a
sequidão espiritual nos ambientes eclesiásticos, que às vezes se manifesta na
ausência de sentido, na improdutividade e individualismo, mas, que deve
permanecer são cristãos que não sejam superficiais e religiosos. Mas que
busquem intimidade com Deus capaz de produzir frutos e descubram Nele à força
que transforma que dá sentido, dá razão e o repouso assegurado pela verdadeira
realização da Liberdade Cristã.
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