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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A PRIMEIRA VINDA DE JESUS CRISTO, A PAROUSIA, COMO ANUNCIO DA CHEGADA DO “REINO DE DEUS”


                        Antes de abordarmos um cumprimento do plano de Deus por meio de Jesus Cristo em sua primeira vinda se faz necessário resgatar brevemente algumas considerações sobre o reino de Deus.

                        A pregação do Reino é o tema central dos evangelhos sinópticos. O Reino de Deus foi uma oferta feita ao povo de Israel, através de Cristo, porém, eles o rejeitaram. No quarto livro do NT, o evangelho de João, o RD representa salvação, vida eterna. Alguns historiadores dizem que o contexto da escrita de João condiz com um período em que os homens estão desacreditados neste mundo.[1]

Nos dias de Jesus, ao longo da história da igreja, o RD tem sido objeto de diferentes entendimentos. Orígenes afirmou que o próprio Jesus era o Reino; alguns entendem que o Reino se refere a um relacionamento apropriado com Deus; outros o têm identificado com a igreja visível ou com uma ordem social transformada; ainda outros têm insistido que Jesus se referia a uma intervenção apocalíptica da parte de Deus.

“Para os homens, a vinda escatológica de Deus significa o juízo e a salvação. Para Deus, ela equivale à manifestação da sua glória, ou de seu Nome e à instauração do seu Reino”.[2]

 

O Reino. Esse é um assunto extremamente complexo. Nos evangelhos sinópticos encontramos o reino político. Israel será restaurado, tendo o Messias como seu cabeça. Mas isso também inclui a idéia do reino entre os homens, porque o Rei estará entre eles. No evangelho de João, porém, o reino é um sinônimo virtual da salvação ou vida eterna, o que significa que esse conceito é ali totalmente espiritualizado. Em Romanos 14.17, o reino é um sinônimo virtual da atual espiritualidade cristã.[3]

 

                       

Em seu livro O Reino de Deus na América (1937), H. Richard Niebuhr demonstrou que o tema do RD dominou o pensamento teológico americano desde o início. Esse conceito teve diferentes sentidos ao longo do tempo, desde a soberania de Deus na época dos puritanos e de Jonathan Edwards, passando pelo Reino de Cristo na época dos avivamentos do século XIX, até o Reino terreno de Deus no liberalismo do início do século XX. Na visão dos liberais o RD é um reino de justiça e amor, já presentes aqui nessa terra, assim, o RD está presente em parte, mas a sua manifestação final permanece uma esperança para o futuro.                    O cristão sabe que o Reino veio num novo sentido em Cristo, que pode manifestar-se em sua própria vida, mas que ainda não veio plenamente. Desse modo, ele vive no mundo presente como um cidadão obediente desse Reino, ao mesmo tempo em que pede a Deus um futuro melhor: “Venha o teu reino”. Em sentido amplo, o Reino é um símbolo da vontade de Deus que pode ser realizada em situações particulares através da obediência e humildade, mas que nunca é plenamente concretizada dentro das fronteiras da história por causa das limitações humanas.

                        O RD trás a mensagem com uma tensão: como Cristo já veio ao mundo, morreu e ressuscitou, há uma dimensão presente do RD. Como Cristo ainda não voltou para pôr fim à realidade presente e instaurar os novos céus e terra, o RD é também futuro.

                        Em Jesus a lógica dualista “do dentro e do fora”, da imanência e da transcendência, do sagrado e do profano, é superada. A experiência da revelação depreendida das narrativas acerca de Jesus permite dizer acerca de Deus que o RD não “vem de fora”, para um receptor parado e distante, “trata-se exatamente do contrário; pois Deus já está sempre dentro, sustentando, promovendo e iluminando”. Nesse sentido a revelação, a experiência de Jesus dá testemunho, consiste em aperceber-se do Deus que como origem fundante está “já dentro”, habitando nosso ser e procurando se manifestar a nós. “Não se poderá dizer: Ei-lo aqui! Ei-lo ali! “Pois eis que o Reino de Deus já está dentro de vós”.[4]

A missão do Cristo é o RD. Um RD que não se retém a nenhum grupo religioso, um RD é sempre excedente, com demandas que não comportam totalmente em si. O legado deixado por Cristo em sua ascensão tornou a Igreja a anunciadora do RD. A Igreja só pode fazer sua missão à luz do ES, com uma eclesiologia pneumatológica e cristológica ao mesmo tempo. A lógica do RD não é a quantidade de grupos, mas o espalhamento da mensagem, não que elas tenham que estar aqui, ou ali, é claro que é bom ficar aqui, unidos, mas pode ocorrer na expansão, na não fidelização. O RD nos contrapõe. O RD veio, e está aqui para nos desafiar a estabelecer relações novas, relação com Deus, relação com o homem, relação com o Cosmo, dando ao homem desumanizado uma chance de reumanização. Muitas Igrejas tentam arrumar liturgicamente o que não conseguem arrumar teologicamente, a Igreja tem que focar e redimensionar os valores reais da fé, deixando de sacrificar o RD no altar dos grandes grupos. O RD não respeita barreira denominacionais, banalizando vidas e pessoas. Os caminhos pelo deserto têm seus significados. O profeta Gentileza é o RD.[5]

 

                                   Em virtude dessa tensão existente no debate sobre o RD, por exemplo, a dimensão presente nesse Reino, o fato de que ele já veio ao Mundo morreu e ressuscitou, e também o fato de que ainda não voltou para o cumprimento pleno do RD, é importante considerarmos a abordagem que as escrituras fazem sobre a primeira vinda de Cristo. primeiramente com João Batista,

                        A abordagem do RD está ligada diretamente á Cristo, pois ele é o proclamador do RD, um RD para todos e em todos, um RD Universal que não necessita de outro mediador que seja o próprio Cristo encarnado, morto, ressuscitado, e hoje Vivo.

                        O texto bíblico descreve claramente a Kênosis[6] do Filho de Deus: “Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”. Filipenses 2.5:8

                        A vinda do Messias já era esperada por muitos, como está descrito no AT, muito se especulou sobre a primeira vinda de Cristo, inclusive profecias davam uma visão ampla de que um profeta viria para preparar o caminho para o Filho de Deus.

 

 



[1] Comentário referente ao texto bíblico de João 3.3-5 – o nascer de novo respondido por Jesus a Nicodemos.
[2] BRAKEMEIER, Gottfried. O Reino de Deus e esperança apocalíptica, p.40.
[3] CHAMPLIN, R. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia, volume II, p.465
 
[4] ROCHA, Alessandro. Experiência e Discernimento, p.252
[5] ROCHA, Alessandro. Aula de pneumatologia na Disciplina de Teologia Sistemática III. 06/06/2012.
[6] Palavra grega que significa «esvaziamento». A teologia aplica o termo ao ato de Cristo, o Filho e Deus: ao tomar-se homem, o que significa que ele se esvaziou de seus atributos e poderes divinos, embora não de sua natureza divina. Exatamente até que ponto ocorreu esse esvaziamento é ponto disputado, como também como Cristo o fez. Todavia, não se pode chegar a uma resposta adequada, porque, ao tocarmos nessa questão, estamos abordando um dos grandes mistérios divinos. CHAMPLIN, enciclopédia de teologia de filosofia, p.764

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